Existia uma época
Em que carecíamos nem tanto assim de chamadas à distância.
Era no On mesmo, sem pretensão de fazer propaganda pra qualquer operadora.
E as nossas vozes, eram suficientes
Pra sentirmos um ao outro.
Tua voz, espaço contido dos meus limites.
Ocupada por mim, do outro lado da linha.
Sem início, meio ou fio.
Meu coração em cento e vinte batimentos por minuto cravados em teu peito.
Meu mundo, teu mundo
-No céu-
Pulei da janela,
Numa atitude desesperada de livrar-me de qualquer coisa que fizesse lembrar você.
Não porque me fazia mal.
O motivo do suicídio foi outro.
Você não pode ser meu, tampouco eu, tua.
Ainda no vigésimo andar, pude ouvir tua voz.
Tua música, o jeito com que mexe a boca.
E o modo como fala com a voz breve, pausada e levemente debochada.
Tão doce.
Resolvi então pegar carona com um cometa qualquer.
Cá estou novamente naquela janela.
Esperando a tua volta.
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