quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Até que a vida os separe.


©2008-2009 ~
Slagophoto

Mais um requintado fim
Dessa patologia de devaneios.
Leva a crer que Maria veste a cinta liga
Leva a crer que Lucas tira o paletó.
Todos os dias, os dois disfarçam.
Contraditória constância.
No quarto, pouca gente chorou.
Os poucos, pouco a pouco,
Também tiravam suas vestes.
Suas sobras, a censura e o pesar.
Na rua, outros prostrados.
Sepultados nas avenidas largas,
Enterrados em jogos de azar,
Casal sobre casal,
Revoltados por causa da infelicidade.
Revoltados pela luta diária.
O entendimento está morto.
Cada multidão, um funeral.
Cada cérebro, um campo-santo.
Ficaram mudos, todos os dois, os opostos.
Maria e Lucas estão purificados.
Dois em um único corpo.
Sequer têm noção do que o acaso
Foi capaz de lhes reservar...
Mas isso já é uma outra estória.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

3ª Sinfonia de Maria

Mais uma noite de Maria. Talvez a sua terceira. Lábios vermelhos, assim como as unhas recém pintadas às pressas, sombra preta, cabelos escuros, calada feito à noite daqueles dias de chuva e ventania. Ainda uma menina, trocando o corpo de mulher por notas coloridas para não ter que ouvir a sua mãe apanhar do pai alcoólatra. Trocava de esquinas e de personagens. Gostava de zeros, principalmente os que vinham da direita rumo ao horizonte. Isso soube puxar seu pai. Uma pena ele ter perdido tudo jogando no bicho, no boteco e com as prostitutas da vila. E dos homens de mala e gravata. Ela tirava a roupa , fazia o serviço, olhava para cara e dava o preço. Fora aquele olhar. Morriam de medo dela, mas não podiam dar queixa na delegacia tamanha era o receio da desonra.








©2007-2009 ~banana-slip

Espelho, espelho meu...


by ~sic-purity



Se minha imagem refletir no espelho e ela me encarar como irei disfarçar? Repito por 7 vezes seguidas: “ Lembra de mim?”. Para saber se ela cairia. Alguns detalhes foram deletados, outros pedaços de panos retalhados sem costura. In fact, algumas marcas e cicatrizes ainda destoam da imagem.Sou eu ou outra pessoa? Muitas, algumas disseram “Au revoir”. Mesmo nunca tendo tempo de sequer conhecê-las. As que ficaram, tento deixá-las aqui em um canto lacrado qualquer. Sem que [me ou te] faça sofrer. Sei lá, esse espelho é estranho. Esse olhar. Ou é mais uma em mim. A outra.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Lei da relatividade

by ~makesnosensegirl
Ela tinha visto que lhe faltava espaço.
E como se já não bastasse, aquelas coroas de flores em volta.
Tão fora de moda.
Logo ela, que vivia sobre todas as novidades.
Seguia todas as novas tendências.
Foi daí que fecharam aquele caixote apertado e até nunca mais.
Desejou não ter saído de casa, dirigido o carro tão bêbada naquela noite.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Elvis morreu! ...De sede.

Elvis era um cachorro completo.
Corria, pulava e se escondia.
Só que às vezes, sentia fome, frio e sede.
Elvis andava por entre ruas e avenidas.
Atrás de um afago ou restos de comida dos pombos.
Elvis, bebia água da chuva.
Elvis estava morrendo de fome.
Daí veio a seca.
Elvis não imaginaria que sentiria falta d´água.

Morreu de sede, sem saber que isso lhe aconteceria.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Para nascer o sol.

b y: Vampire_zombie

-Quanto tempo ainda temos?
- Mais umas 2 horas e meia.
[ Ela chora copiosamente...]
- Desculpa, amor, mas é meu dever. Deita aqui no meu colo? -Ele insiste-

- Vou orar por ti. - Ela suaviza -
[ Alguns minutos restantes...]
- Quando sentir saudade de nós dois. Feche os olhos. E desenharei um sol para ti.

[...]
Seguiu a tropa, pegou um avião e pousou na Palestina.
Alguns dias depois foi encontrado no meio das ruínas.
Por um helicóptero.
E chovia.
Ela recebeu um telefonema com a notícia.
Mas seguiu o conselho dele.
E ele era lindo, grande, bem redondo e amarelo.

Lembranças de uma estação perdida.

©2008-2009 ~let-it-di

Mais uma vez o inverno. Aquele inverno em mim, de lembranças, mesmo em plena primavera. Uma estação ardente. A luxúria tamborilando nos poros da minha pele, num ritual de encanto com toques de sedução. Uma conjunção de vontades emaranhadas, devaneios e pensamentos subentendidos. A atração embalada no frio. Verdadeira tempestade de amor. Poemas escritos em nuvens brancas que voam no céu estrelado. Pensamentos quentes teu. Chuva nos meus olhos de alegria. A mudança de estação de dentro para fora. Senti e provei o sabor de uma vida inteira de felicidade na tua boca. Toques quentes feito cobertor nas noites geladas. Lençol, cama, cobertor e corpos. Uma única força, somando uma única energia. Nossas partes imortais despidas.
-A madrugada pega a veste emprestada da manhã. E um telefonema teu era suficiente para esquentar o restante do meu dia. E mais tarde, o nosso encontro. Do lado oposto, ouço a música da recordação de um verão que nunca vimos. E durante esse tempo, posso afirmar, os dias se arrastaram, sem graça, caindo como folhas no outono.-
Essa noite, resolvi colocar essa lembrança perto do meu travesseiro para poder dormir em paz sem a tua presença sempre ausente. Não no sentido literal. O intervalo desse inverno venta teu cheiro na minha pele, meu poema de olho no teu sorriso e algumas músicas fazendo melodia com o teu olhar, um sonho. E desse jeito, minha primavera fica mais doce. Uma primavera que pintei em mim para ter a certeza de que estaria ao meu lado. E para que eu pudesse poder voltar a ser “a flor” outra vez.

[Saudade tua me dá quando no Rio de Janeiro começa a ventar...]

sábado, 19 de setembro de 2009

Recem-poetas.blogspot.com

Meu mimo e o dele:

"[...][Você, descansando na minha tela com uma pele de aquarela e sorriso de moldura]"

Salvador, Daqui.

Recém-poetas, blog de Juliana Porto e Renan Moreira.
Tudo começou num casamento...
Entre as palavras.
Dele e minhas.
Amém!

http://recem-poetas.blogspot.com/

Entrevista.

©2005-2009 ~Digital-Rhapsody


- Onze tiros? Mas para quê tudo isso?
- Doutor, não foi nem metade de quantas vezes ele partiu meu coração.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Primavera.


Era uma vez uma estrada de barro. Um vilarejo qualquer. E um poema feito no ônibus. Senti falta. Era uma vez uma angústia no peito também ... Era uma vez uma gargalhada, só de lembrar das nossas tolices, das nossas piadas sobre elementos químicos e cantores carecas falidos.E o tempo passa, na época eu era a malvada, e juravam que eu havia te levado para o mau caminho. Até você ter assumido toda uma culpa. Culpa do quê mesmo? Acontece que nessa noite eu senti você bem aqui, clichê ou não. E, aqui na minha memória, imaginei-te nas estrelas, assim como o brilho dos teus olhos pequenos. Mas ninguém pode saber, ok? Também lembrei das flores e por incrível que pareça de muitas coisas coloridas. Essa vontade de cores me dá quando vejo você. Queria ouvir você tocando o seu violão. Até ele já virou piada. Lembra? Então eu falo que quero ouvir a nossa música. Eu fui embora no outono passado. Colhi os restantes das folhas caídas no chão. As coloquei numa caixa, junto com as flores que você me deu. E quando entrar setembro, quero sentar ao seu lado, mais uma vez: Você colhe uma flor e coloca nos meus cabelos. Daquele nosso antigo, novo jardim.

" Nana - neném "


A loucura por bichos.
Não sei quem puxou.
Nem mesmos seus olhos
Da cor de amêndoa

Mas ouvir o silêncio da sala.
Vazia sem ele.
Porque ali no Mundial, foi.
E posso arriscar:

Não é nada bom.

Um dia, ele não irá mais só ao mercado.
Acompanhado do vovô ou dá vovó.
Ele irá para o mundo...
Sozinho, ou com Deus.
Trilhar o seu destino.

Porém, protetora que sou.
Aproveito a cada instante.
Enquanto posso.
Estendo uma redinha.
Pra ele, no meu colo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Adubo.

©2009 ~curLy-babe

Naquele pedaço de terra.
Havia a beleza das flores e frutos.
Esquecera que seu ex marido estaria enterrado ali.
É(!) A natureza tem dessas coisas.




terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aos psicopatas de duas notas.

Não tenho régua, nem regra para medir meus versos.
Até porque meus dedos não são idênticos
E a minha vida não é igual à tua.
Não quero escrever coisas magistrais.
Quero ouvir vozes notáveis.
Gosto de estórias de quadrinhos e por aí vai.
Prefiro as suposições, as fantasias.
Seja lá o que for.
Olhar para uma criança e me enternecer.
Achar graça de um lápis caindo no chão e morrer de rir.
Aos que só têm duas notas;
Às pessoas mal acabadas, vos agradeço pelo meu escudo.
Aos psicopatas, deixo o que não consigo mais lembrar-me.
E para o ser supremo, peço obrigada por ter conhecido:
Os distantes da perfeição, às vítimas por obrigação e os psicopatas de plantão.
Assim posso olhar para frente.
Leve como a brisa que entra agora pela minha janela.
Nessa manhã linda e ensolarada.
Do tamanho dessa minha paz.



©2005-2009 =spliffy

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Marcha soldado...

©2009 ~MihaEla-Cojocariu

Passou anos e anos procurando algo.
Alistou-se no exército.
A vida começou a fazer sentido.

[Inspirada pela série Army Wives do canal People and Arts. Dos mesmos produtores do meu agora único vício: Grey´s Anatomy!]

Overtime


Estimava vestidos, onde a escassez de pano formava a trilha para uma paisagem quase teatral. Gradientes de cores da pele, tecidos omitidos, partes íntimas de uma obra literária. Gostava de ficar perdido ali por horas, mas ela era sua secretária, e ele, casado. Zangou-se então.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

E-book.


©2007-2009 ~Sweet-xxx


Desperta-me.
Embaralha os minutos dos meus dias, dá uma atrasada no cronômetro, ou adianta... Dá um jeito, sei lá.
Mas desperta-me.
Que esses dias de insônia deixam minha mente vazia de palavras.
Escreva-me com as tuas mãos sobre a minha pele.
Vire as minhas páginas...
Dê origem ao nosso novo livro de páginas coloridas.