quarta-feira, 28 de outubro de 2009

" I just call"


Por um instante ela pensou em dar um fim no que sobrara de créditos em seu celular. Pensou em ligar pra ele. Discar um DDD, coisa e tal. Falar em voz bem alta que sentia a falta dele e que o amava. Que seu estômago estava dolorido, a boca seca e o coração apertado, assim como os minutos restantes. Desejou ouvir o mesmo. Mas a bateria acabou. Ficou ali parada sem saber o que iria fazer. Na dúvida, sustou-se. Ficou muda, afastaram-se, não viveram felizes para sempre, mas mesmo assim amavam-se.

domingo, 25 de outubro de 2009

Uma volta e meia.


©2008-2009 ~fARTygraphy


E o tempo passa...
O mundo dá voltas, assim como a vida
Às vezes, soa mais como meia volta - volver.
Feita de duas metades mal preenchidas.
Pelo tempo.
Racional.
Eles não são metades.
Muito pelo contrário:
São diferentes, mas ainda assim:
Fazem-se inteiros.
Náufragos entre infância ruim ,um coração quebrado e muitos sonhos.
[...]
Ele virou para ela nessa hora com a voz firme e disse:

“Já não tenho mais tempo para brincar. Tenho 26. Nessa idade levaram-me tudo o que eu tinha. Cá estou a recomeçar, e devagar, conquistarei ainda mais. Só guardo um livro no bolso, um cachorro, algumas guimbas de cigarro e você.”

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mais vous, le voulez-vous?


©2007-2009 ~s0phistrious

-Simples, charmosa composição, enfleurage-


O aroma da pele dele. Essencial.
Nos lábios: O leve frescor.
Ela fica nua. Matéria-[obra]prima.
Abre o zíper dele. Picante.
Criam uma fragrância híbrida.
E uma deliciosa sensação.
Sim , os dois.


quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A lei natural.

©2006-2009 ~edosh

Assim que tornei-me mulher.
Virei ré.
Cometi um delito.
Passei a ser conivente com os amantes que tive.
Não sou de formar conceitos, e não gosto que façam o mesmo comigo.
Pelo menos aqueles "pré"
Pronuncio a sentença:
Não tenho culpa!
Sou restrita aos maus caráter e a paixão. Desde 1983.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

1978

©2005-2009 ~RedC


Maria, se porventura necessitar saber o que é real ou não, diga. Tudo. Sem ser ¼ de verdade ou embustes abstratos. Pode falar com a boca cheia. Mas use a língua, Maria, do modo como deve, na ocasião oportuna. Tanto faz o passado. É só perceber que as tuas lamúrias vêm de hoje, teu agora, teus anseios. Se chover nos teus olhos, Maria, guarda só a parte que precisa colocar para "fora". Dentro. Faça um ensaio, isento de remorso, o dote natural do lacônico discurso e cheio de denotações. Retire o intelecto da bolsa por alguns instantes na direção certa. Saiba dar valor aos teus pressentimentos, coloque-os perto do teu batom. E prossiga por si o teu destino. Porque tu tinhas razão. Sou apenas mais um.
Aqui estou a me despedir, Lucas.





sábado, 10 de outubro de 2009

Das artes que aprendi...


©2009 =aimeelikestotakepics

Quando levantar-te, tente recordar-se de Frida Kahlo. E as diversas cores e lesões que o tempo fora capaz de rabiscar. E assim que deitares ouça-me pelo toque da minha pele e tente recordar de Antonín Dvořák. E de todas as primaveras. Pois as flores também são obras de arte. A sinfonia do novo mundo.Com certeza, escutarás óperas, entre nossos lençóis e pisos de porcelana.

In-farta.

©2004-2009 ~sndr


Era para ser somente uma ponte de safena, mas deparou-se com mais.
Um miocárdio mal perfundido, uma válvula quebrada, alguns amores escondidos e um coração partido.

sábado, 3 de outubro de 2009

Declara-te.


©2008-2009 ~Reaubain



Deslustra-me o bom senso do desejo.
Satisfaça-me a alma.
Absorva meus líquidos. Castidade. Vergonha.
Pensa em ti deitado aqui.
Entre minhas coxas. Nos meus braços.
Declara-te
Declara-me
Comportas nossos bocados, fragmentos e frações.
Perdidas em algum canto.
Cosa-os neste exato momento.
Fala baixinho no meu ouvido.
Agora fala em voz muito alta.
Clama.
Apodera-se da minha pele.
Sem barulho. Sem longitude.
Tatua em mim essa falta de nós.
Soletra na minha boca essa vontade.
Pode demorar.
Que a noite termine menos a madrugada.
De lençol, frio, madrugada, luzes, cidade estranha.
Extravagância, transformar-te em poesia?
Nenhum barulho.
E de repente...
Vejo-te.
Declara-me?