segunda-feira, 29 de março de 2010

31/26 é pouco, muito pouco!

Os princípios sentem pena. Os vocábulos não conseguem sair. Resolveram então pegar papel, massa, molde e fincaram-se na cara, afagaram-se entre as mãos. Pois as bocas estão caladas. Observam um prédio, uma criança, uma tesoura e um juiz. Prever a intenção do ser humano é demasiadamente humano. Há palavras mutiladas que não consigo proferir, escrever. Contesto! E o veredicto final me dói. Os versos sangram, escondem-se dentro de mim. Esquivos como toque oco e lamentoso


E nos jornais: 'Foi muito bonita a hora da sentença', diz Gloria Perez sobre júri do casal Nardoni.

O que eu perdi? [ Fico aqui com os meus botões]

quinta-feira, 18 de março de 2010

Selon moi


Eu e você,
Nesse vão das estações machadas de aromas e suor,
No interlúdio de dois lugares distintos em que pertencem
Uma marcha à frente e uma gama de opções.
Minha pele beija sua nuca,
Mesmo com meus lábios mascarados
Atrás de vontades e “poréns”.
Aguardo sua voz, seu tato,
Uma marcha à frente e uma gama de opções.
E as estações manchadas de seu suor em mim.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Das coisas que vêm sem títulos.



Logo a vida, tão carnal e grosseira, de unhas e remos, por vezes nos congela, outras desaparece. A vida da convicção que atraca, da sorte que evapora, da angústia que pára o motor, da falta que escorrega e cai. A vida, essa velha caduca que nos ameaça os segundos, os dias, que nos pinta a idade na cara, de dose em dose solta um sorriso, sai do ventre outra vez.

                                                                                Para Henry.



terça-feira, 9 de março de 2010

Pé esquerdo


Eu, que não aprendi a esconder o que sinto, ficarei socializando a minha dor, apresentando a cada amigo, tendo relações com ela. Não dá para fingir que ela não está presente. E se assim fizer, ela muda as estações, coloca tua cama de cabeça para baixo e planta espinhos nos edredons. Tem que caminhar ao lado dela, como uma criança preferida, tem que colocá-la para dormir, tem que alimentá-la, amamentá-la. Aos poucos, tem que amá-la tal qual um lírio semeado nos cortes da pele, no âmago, no falso coração. Tem que traduzi-la particular da fragilidade e prantos, passar a mão na cabeça e, finalmente, pisoteá-la.

sábado, 6 de março de 2010

Lunar


Ontem, sim, aqui, em mim, nos meus braços, da minha pele para a sua, sem pensar, presentearia com aroma dos versos. Versos puros , outros nem tanto, versos d´água, de suor, tato, saliva, chuva e teto solar. Uns versos bobos, repetitivos, cerveja, mesa, cereja. Versos temerários, sem pauta, sem roupa, sem vergonha, amor, boca, gemido, sensual, tenaz, intenso, versos-orgasmo, meretriz, sorvedouro. Uns versos nossos, recentes, consagrados nas nossas línguas, nos nossos sexos, nos sons do suor e teu peito, no cheiro seu e meu. Escreveria um conto. Colocaria meu quadril e teu sobrenome nele.


terça-feira, 2 de março de 2010

Post-it II - Fix it!

Foram feitos um para o outro.
[ Pelo menos era o que pensavam...]
Troca de olhares, gargalhadas, lábios encostando, mãos, pele, nuca, o 1º amor, churrascos na família, piscina, Prainha, manhãs de surfe, presentes, traição, filho, adeus, raiva, rancor, muitos corações partidos, leis, pensão, rejeição, vergonha e dor.
Já não pensavam mais o mesmo.

Simples assim



Ele... Ele foi...
A pessoa que tirou algo de mim.
Ele tirou aos poucos...
Pequenas partes.
Bem pequeninas, tão aos poucos que nem pude perceber afinal.
Quis me tornar diferente do que sou.
Ou do que pelo menos eu era.
Então, quando acordei numa quarta-feira percebi que tinha sofrido uma metamorfose.
Não dessas ambulantes que encontramos em músicas.
Mas sim no que ele queria.
Um dia, eu era Juliana Porto, e, de repente, estava gostando das mesmas grifes que ele, praticando os mesmos esportes, ouvindo as mesmas canções, experimentando as mesmas bobagens.
Arriscando uma vida inteira de sonhos e aspirações.
Concordando em formar uma família.
Comprar uma casa e ter um final feliz.
Até tomar um chute no meio da bunda.
Quando percebi, eu não era mais a Juliana Porto.
Mesmo assim, eu teria me casado com ele.
Teria.
Depois disso virei migalha.
Ruína.
Prisioneira e derrotada.
Por muito tempo!
E, agora...Que finalmente, sou eu mesma de novo, não posso...
Eu te amo, muito mais do que talvez tenha amado anteriormente.
Mas quando você disse ser algo para mim e me tratou como um segredo seu, você acabou tirando parte de mim e sem querer, eu deixei.
E...Isso nunca mais vai acontecer.