sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Certeza


Meus desacertos são propositais agora.

E esses são meus maiores acertos!

Férias de Maria



Ela tirou a roupa.
(Aos prantos)
Despiu-se de desejos, os sonhos de infância, o estupro e as marcas de todas as lágrimas.
Deixou a alma nua...
Aproveitou para descansar no colo do seu único amigo.

Aviãozinho

Imagem: wingsandwindows

Na maré, a mãe de um menino estava ocupada e pediu que ele fosse brincar de avião com os amiguinhos. Levou ao pé da letra, e hoje é chefe do tráfico!

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fruto proibido

Imagem : onlinedesign

Nunca fiz desse blog um diário.Com exceção de hoje...Então vamos lá!Estou de dieta.A única coisa que posso morder:É a maçã do seu rosto.



Carnaval de Maria


Último dia de carnaval...
Maria colocou sua melhor máscara e foi às ruas.
Pulou, sambou, sorriu...
Entre os confetes e serpentinas...
Até que recebeu um beijo.
Ficou assustada.
Havia tempos que seus lábios não encontravam outros.
Entre beijos e marchinhas...
Entrou no quarto do palhaço...
Dessa vez, não precisava de alguns trocados.
É de manhã, o sol chega.
Assim como a quarta-feira de cinzas.
Foi-se.
“Todo o carnaval tem seu fim”...
Mas quem seria o palhaço?

Tempo


Ah! Meu bem...
Estas tuas manias de dar um tempo.
(10,9,8,7,6,5,4,3,2,1...)
Faz tanto tempo, que não sei mais quanto tempo faz.
Tempo, tempo, tempo...

(1 mês, 1 século, 500 anos...)
Fez trocar os tempos coloridos pelos monocromáticos.
E nos fez de telespectadores do tempo que o nosso amor passou.
Levou embora o meu sorriso.
Não sei mais achar graça, ou sequer um brilho no olhar, leve.
Levou embora meu sorriso.
Há tanto tempo...
Quanto tempo faz?

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Máscara (II)

Imagem : tragica1

Não fui feita de paetês, o carnaval não está nas minhas vestes.
Meus joelhos não me deixam sequer pular.
Não sei correr atrás de blocos. Nem os de concreto.
Sou polida, urbana, mas tenho aversão a confetes.
Gosto de pandeiros...
E uma outra parte minha ama o samba.
De raiz, de partido alto, de gafieira.
Mas não aproveite-se disso...
Estou sem fantasias.
E esse ano, não pularei carnaval algum.

Anima!


Eu preciso de um beijo teu.
Do toque das tuas mãos para arrepiar a minha alma.
E que de presente, recebas este arrepio de volta.
Faça-me um carinho.
Preciso do teu colo.
Deixe-me trêmula, vibrante, louca, feliz.
Ouça meus batimentos cardíacos arrítmicos, meu respirar ofegante, meus poros umedecidos, mas deixe a minha alma aqui.
Eu não sou dona dela.
Jogue a chave fora.
E tente não olhar para trás.

Precipício


Eu lhe registraria uma nova identidade para harmonizar seus defeitos.
Veja os buracos que deixou na minha pele por causa dessa sua ausência.
Logo você, tão poético e cheio de cores nos dedos.
A música que ouço quando me olho no espelho tem um tom desafinado.
Não vou colocar nenhum vestido novo para te esperar.
Sentarei no píer com a minha calça rasgada e cabelos despenteados.
Para você notar as rugas no meu rosto.
As marcas de expressão das horas que passei sem você.
Sou o resultado do seu sentimentalismo em mim.
Esperei por você, mas você não apareceu.
Já está tarde, as pessoas estão dormindo.
Eu continuo no píer.
Esperando por você, esperando por mim.

Um dobrado.


Mesmo distante, Maria, sentia-se pesar pela ausência dele.
Vagou pelas ruas.
Encostou-se ao poste e fez um sinal!
Esbarrou com um homem semelhante a ele.
Quase semelhante.
Chegou mais próximo.
E percebeu o quanto estava enganada.
Nenhum outro era capaz de fazer seu coração pulsar tão forte.
Como ele.

A gota d´água

Imagem : Super-glue

Dois dedos de vodka, debaixo de uma goteira. Ela dormia. Ele olhava para ela e pensava que se fosse inofensiva, linda seria. Ela era dona de uma inconstância assustadora. Ele não era o único a saber. A vodka agora fazia um passeio pelo seu estômago...Embrulhado de papel de presente da cor de uma úlcera. Foi ao banheiro. Olhou para o espelho, estava em dois mil pedaços e alguns anos de azar. Dali era mais fácil admirá-la, apesar de toda a miopia. Seus olhos falhavam, mas seu coração não. Certas vezes, o coração dele travava uma batalha com a razão e sempre vencia. Ele conseguia compreender essa relação. Se de repente não entendesse teria a pedido em casamento, mas a goteira era persistente e o quarto escuro. Seu espírito estava úmido e colorido. Nos dias de hoje, caminhar só nas estradas de asfalto é menos arriscado do que tentar entrar em um coração feito de pedras.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Terezinha de Jesus...

Imagem: Last_breath

Dona Tereza, senhora amiga, mulher, obesa. Andava pelas ruas vagarosamente e arrastava com ela seus cento e poucos quilos. Tinha uma bondade que transbordava pelo olhar. Expirava bondade, caridade. Conversava sobre o amor, o meio-ambiente e reciclagem... Em um tom sereno como se analista fosse. Todas as tardes alguma amiga lhe fazia visita. Há quem diga que Dona Tereza tinha o dom de amenizar o sofrimento alheio com o tom da sua voz.
Nos finais de semana, era dia de visitar a associação de moradores. Lia livros para as crianças. Gostava de Monteiro Lobato.
Dona Tereza não tinha netos, filhos e nem um esposo. O único homem que teve contato, a abandonou por uma amiga dez anos mais nova. A partir daquele dia começou a procurar nos alimentos a serotonina. E comia chocolates, tomava coca-cola, balas, doces, chicletes...Perdeu um marido, mas ganhou seus inúmeros quilos.
Certa vez, Dona Tereza olhava pela janela de casa, passou um homem com um menino.
- Papai, sabes o motivos de Dona Tereza ser assim tão...tão...cheia?– questinou o menino em voz alta.
Dona Tereza ouviu o som daquela voz inocente e olhou para o menino.
- Se pequenina fosse, seu coração não caberia. – Respondeu o pai, puxando o filho pelas orelhas.
Dona Tereza sorriu, de lado. Nunca havia escutado coisa tão agradável vinda de um homem.

Muda.

Imagem : Shasei



Duas da tarde, quase a noite – mas ainda falta muito, preciso-te aqui...
Quero contar-te
Uma tentativa de dizer-te alguns versos, no espelho.
Palavras refletidas, uma a uma.
Perdidas em mim, andando pelo meu quarto.
E depois de pensar tanto tempo em ti.
Apago a luz.
Ouça tranquilamente.





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[A voz do meu desespero na tua pele vazia]

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Samba azul





Dessa vez consegui escrever-te com os dedos.
De olhos cerrados.
Fui dormir sem arranjos, sem Miguel, sem arcanjos.
Desejei ouvir a tua voz.
Comer um algodão doce azul.
Voltar a ser menina.
Voltar a ser mulher.
A tua falta compôs uma bossa nova.
Velha, em mim.

Testamento.




Eu preciso te contar que vou embora e não é por falta de te querer, só que ouvi dizer que o tempo não pára, as horas são reais, eu preciso carregar esses minutos restantes. Só desejo que fique por aí, ouvindo Los Hermanos, decifrando cada verso pra eu te reconhecer lentamente, fácil, desabafo, empurrão, observar e inventar uma careta sua se... Desejo que você, moreninha, faça uma curva e venha parar novamente no meu colo pra eu poder enxugar estes teus choros tristes. Desejo que você consiga escalar o céu e que ele seja o limite para o seu bem estar. Para você, eu desejo que coloque esse seu biquíni outra vez, aquele de bolinha amarelinha, coloque os teus pés na areia, volte a gostar do sol, fale do coração como monitora de anatomia. Você, desejo que vá para o inferno, cansei dos teus ataques de loucura, voltei com a minha impaciência, então vá, não és bem-vinda mais. Para você, desejo um controle remoto para mudar de página desse teu conto frustrado de fadas. Para você que de repente não sabes mais: Eu te amo! Para você, as mais belas flores, quando me mostrou que podia cultivar um jardim de palavras. Desejo a você, caminhar de mãos dadas, brincar de pique esconde nas estrelas em noites coloridas. Para você, tira essa armadura, homens também sabem nos divertir, viu? Para você, quero explicar que amor pela metade é amor de mentira, tá? Portanto, jogue fora. Para você, meu príncipe, preencha meu vazio com tuas risadas gostosas, da tuas meias pequenas e do teu olhar terno. Para você, quero cantar “Como os nossos pais” mesmo que estejas em Manaus. Para você, segure aqui, te levarei nas minhas costas e brincarei de cavalinho só para ter o prazer de ver o sorriso estampado no teu rosto mais uma vez. Para você, perdoe minhas crises: De raiva, choro e insegurança. Alguns versos que talvez nunca consiga proferir. Para você, vodka, nicotina e ressaca. Para você, um pouco do meu coração que esqueceu de te esquecer. Para você, o calor dos meus beijos e o único poema que fiz...

Alguns minutos.


De modo nenhum, não posso te beijar, pelo menos por enquanto. Olha dentro dos meus olhos. Vamos aguardar. De modo nenhum será uma pausa, mas um prelúdio. Vamos ouvir o ensaio das nossas vozes quando estamos nos amando. No baluarte. A vida aqui fora, pede renúncia. All stars sobem as escadas, mãos chamando pelos ônibus, outdoors ciciam, sem forças. Mas eu e você... Hoje e daqui a duzentos anos, estaremos no mesmo enredo, o enredo que intercepta o encontro dos nossos lábios.

ConsiderAÇÃO!

Imagem: Foximilql

Desconsidero
O fogo.
E todos os teus adeus
Que maltratam
O meu coro.
Canto
O regresso
Acariciado
No hino
Dos teus lábios.