quarta-feira, 24 de junho de 2009

Represália.



Quieto.
Não fale.
Não reproduza o que não desejas ouvir.
Cala a tua boca.
Não fique aborrecido.
Não ouse sequer murmurar.
Não fale. Fique quieto.
Apaga esses versos que teima em dedicar-me.
A regar uma flor que não faz parte do seu demasiado/humano jardim.
O seu. O meu.
Não fale. Fique bem quieto.
Não só porque queira, mas porque eu quero. E assim será.
Da mesma forma que fez morada aqui sem comprar a escritura.
Não fale. Jogou fora teus poemas, tuas risadas, tuas crises e acessos de loucura.
Não fale. E não me peça para fazer o mesmo. Não espere que minhas palavras vão ao teu encontro. Porque as tuas já fugiram daqui faz tempo.
Não fale.
Fique quieto de uma vez por todas.
Qualquer hora, hora dessas que roubou de mim.
Mas, não fale.
É porque não consigo mais recordar do teu sotaque.
O timbre da tua voz.
E meu cérebro esquece facilmente fotografias.
Não fale.

5 comentários:

Rafael Sperling disse...

Uau, que foda! Adorei. Me identifiquei bastante, dei uma lida nas suas coisas. Vamos trocar figurinhas :p
Você é do Rio, né? Tinha que aproveitar e participar do Corujão da Poesia, um evento que acontece toda terça á noite, no Leblon...
bjs

Núbia disse...

Ju, mulher, cheia de força na vida e nas palavras....por isso sempre passo aqui....é um tipo de alimento e fortificante pra alma....no meu jeito meio sem jeito quero dizer que você é uma mulher e tanto....bjU...

jupyhollanda disse...

putz que lindo! poema forte e nós mulheres temos que ter coragem de agir mesmo assim de vez enquando...ao invés de ceder sempre... digo; como eu.

rsrsrsrs

B-Ju

jupyhollanda disse...

ah sabe que eu tbm sou Juliana Porto... rsrsrsrs

Aprendiz do amor disse...

uia! quantos imperativos.!
adorei.