terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Divagar


Naquela tarde caía um temporal, despi-me, liguei o chuveiro no inverno, cantando “Dois barcos” sem afinação. A água, tépida. Quase não pude desenhar um coração partido. De jaqueta e botas, fui comprar mais cigarros. De coração atormentado, cruzei uma pequena ponte. Por entre as árvores, olhando pra baixo, passei através da rua e esbarrei em você.Naquela ponte cinza, despi-me. Tinha água tépida nas minhas botas. Esbocei árvores, a rua cantava, desafinada. Partida, esbarrei na pedra, meu coração desabou em ti, saí passada. Havia uma bicicleta cinza, era sua. Minha jaqueta não tinha tom. Cantei, passada, no meio da rua. Olhei para o céu. Tomei outro banho. De chuva. Esbarrei nas botas, caí entre o coração partido, despi-me. A manhã era cinza, fazia um temporal no meu coração. O meu cantar tépido ecoou em notas partidas. Era você na minha jaqueta, nas botas molhadas, nas avenidas, entre as árvores, mas a ponte você atravessou. Meu coração ficou em cinzas.



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