sábado, 27 de dezembro de 2008

Teoria do cordel


-Recorda-te do cordel sem cor que nos enlaçava a cada ensejo solitário?
- Eu sentenciava estar perto de ti...
- E tu, de mim, oras... Como se o vão que existia em nós fizesse parte de uma figura de linguagem.
- Metáfora?
- É. Como se ao olhar no espelho eu pudesse estar próxima de ti.
- Como num passe de mágica.
- Fechava os olhos. Pra poder te ver.
- Ah! Os olhos.[verdes] Cordel da tua falta em mim.
- Mas um dia acordei, e a noite era escura, vazia. Tive um sonho ruim. O cordel havia arrebentado. O meu aneurisma latejava. Tive vertigens.Por medo de deixar-te sem laço. Sem estrada. Era sombrio. As luzes haviam fugido. Tive uma convulsão, mínima. Bati com a cabeça. Machuquei meus joelhos. Não lembro bem. Um aneurisma. Os joelhos. A escuridão. O esforço. A heparina. O pesadelo foi embora no mesmo instante que meus olhos, fecharam-se. Para ver-te. O cordel estava pendurado, porém resoluto. Vi a tua imagem. Não me deixa agora. Preciso tanto de ti.


[ Advertência : Love you, dad.]


Um comentário:

Renan Moreira disse...

Ju, que texto lindo.
Emoção a cada centímetro de prosa.
Não sei muito o que comentar.
Literatura e sentimento.
Você é uma pessoa maravilhosa, e só merece, de uma vez por todas, coisas exageradamente lindas e gostosas na sua vida.
De verdade...

Um beijo na testa e um abraço apertado..