domingo, 28 de dezembro de 2008

A seda.


Atrasou-se. Sais de banho, creme com cheiro de morango, sombra. Contemplando a saia de tule enfeitando a janela. Não conseguiu ceder. Fora atraída por ela na vitrina da loja. Fitou com os olhos todos os passos, giros, movimentos. Com cautela, experimentou o trajo. Sublime nas suas curvas. De igual proporção. Olhou-se na taça de cristal. E ensaiou ali cada movimento corporal. Corrigiu a postura. Fouettés. DEBOULÉS. Então, abriu o porta-níquel e lançou a mão até o último metal. Finalmente, a noite do conto de fadas desceu pela cortina. Ela, frágil, delicada, apaixonada estava à espera. Os minutos passavam. Olhou para o seu punho esquerdo, era meia-noite e meia. Abriu seu toca discos empoeirado, abriu um Muscadet, PAS DE DEUX, PAS DE DEUX, PAS DE DEUX com a lua. Festejou até pegar no sono, estonteante, como uma bailarina. Sentia-se sozinha. Naquele cômodo frio, num vilarejo qualquer.Ela fazia 26 anos.

4 comentários:

João Pedro disse...

Ola。 Kalye me indicou seu blog。 Gostei da poesia。 Nao repara na falta de acentos。 Este teclado nao tem。A bailarina da foto ta na posicao errada。 Ela tinha que esticar todos os musculos da perna。 Enfim。 Que legal falar com outra pessoa que sabe o que eh um pas de deux。
Feliz Ano Novo。

Juliana Porto disse...

Ah!Viajante...

Festejou até pegar no sono, estonteante, como uma bailarina.

Ela gostaria de ser. Ela não era.

beijos

Renan Moreira disse...

É.. a poetisa conta estórias como ninguém.
Estórias instigantes!
Personagens inspiradoras

Continua. Não pára se não eu perco o gosto pela leitura!
rs

* Santiago * disse...

quase me senti em frente à vitrine,
quase tive 26 anos durante a leitura,
quase imprimi graciosidade à técnica que a arte exige...

de fi ni ti va men te, você tem o dom. benzadeus!